sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Chegou o tempo?

Chegou o tempo?

Pe. David Francisquini (*)


A mídia tem sido pródiga em divulgar declarações do ex-presidente do Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, o cardeal Walter Kasper, de 81 anos. Ele acaba de apresentar mais uma proposta escandalosa: a admissão na comunhão eucarística de divorciados que tenham contraído novas uniões.

O que a doutrina católica ensina a respeito? São Paulo deixa claro: a Escritura, inspirada por Deus, é útil para ensinar, repreender, corrigir e formar na justiça. E a Igreja ensina que o casamento é indissolúvel nas dores e nas alegrias, no luto e nas dificuldades, nas vitórias e nas derrotas, nos reveses e nas bonanças, nas desilusões e nas esperanças. 

Aos efésios confirma São Paulo o Gênesis: o que Deus uniu o homem não separe. O homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher e serão dois em uma só carne. Ficam excluídos da Eucaristia aqueles que estão em aberta violação da Lei de Deus. A Igreja não pode abrir as portas deste Sacramento aos cônjuges que violem ensinamentos multisseculares, pois eles próprios é que resolveram viver em situação irregular, abandonando com isso a frequência dos sacramentos.

Já aos Coríntios, ao ensinar as condições para a Comunhão Eucarística, São Paulo aponta o dever de se encontrar em estado de graça, pois quem o fizer indignamente come e bebe a própria condenação. A Igreja especifica as condições para o acesso à Eucaristia, a fim de que os fiéis a recebam com frutos. Nenhuma autoridade humana pode abrir seu acesso àqueles que vivem de maneira irregular, pois aproximar-se deste Sacramento em pecado mortal constitui sacrilégio, profanação do Corpo de Cristo. 

Ninguém pode ensinar algo diferente do que foi sempre ensinado, afirma a tradição. São Paulo adverte: “Ainda que alguém — nós ou um anjo baixado do céu — vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema.” O que dizer de um eclesiástico que ensina e propõe o contrário daquilo que o Magistério sempre ensinou? Santo Afonso de Ligório afirma, com base nas Sacras Letras, que é de fé que os impudicos, os impuros e os fornicadores não possuirão o Reino dos Céus.

A iniciativa do cardeal Kasper de tentar liberar a Comunhão Eucarística aos recasados acabará por envolver a instituição familiar numa crise sem precedentes, pois diz respeito aos fundamentos de nossa religião. Essa crise será também a ruína de muitos que deveriam pregar a boa doutrina. A vida matrimonial e familiar é sustentada pelos princípios, convicções e certezas oriundos da Fé, e tudo o que se constrói sobre o sentimentalismo não passa de edificação fantasiosa.

Cumpre encontrar soluções para que os recasados se afastem do mau caminho, e não subterfúgios para abalar ainda mais os já tênues laços familiares, como propõe o cardeal Kasper. São Paulo recomenda: “Prega a palavra, insiste, quer agrade, quer desagrade; repreende, suplica, admoesta com toda paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas contratarão para si mestres conforme os seus desejos, levados pela curiosidade de ouvir. E afastarão o ouvido das verdades para abrirem às fábulas.” 

Terá chegado esse tempo? — Para o referido cardeal, expoente do progressismo, parece que sim... 
_______________________

Nenhum comentário:

Postar um comentário