[Esp] Cristo e o nosso corpo
O livro "Cristo e o nosso corpo" (no francês, "Jésus et ton corps", literalmente "Jesus e o corpo teu"), escrito pelo Monsenhor André-Joseph Léonard, Bispo de Malines-Bruxelas, é uma obra que traz grande esclarecimento e ânimo para aqueles que, tantas vezes, veem-se questionando Deus sobre coisas como "Por que tenho carne se ela me leva tanto a pecar?" ou "Por que a Igreja nos proibe tanto de satisfazer os desejos de nossa carne?".
Monsenhor Léonard percorre essas e outras questões, de forma clara e suscinta, mostrando como, na verdade, o catolicismo é a "religião do corpo", pois afirma a santidade do mesmo, ao invés de recusá-la. Como criatura de Deus, o nosso corpo é um bem, mas um bem ainda a ser aperfeiçoado, pois, apesar de gozar de muitas perfeições, o corpo humano ainda está exposto às doenças, aos sentimentos desordenados, e à morte. Porém, Deus não criou o corpo para essas coisas, pois ainda Deus o ressuscitará, aperfeiçoando-o em Cristo.
Apresentando várias passagens bíblicas, o autor francês mostra como Deus não só valoriza o corpo, que é criatura sua, como ainda valoriza o amor humano conjugal. Cristo ama sua Igreja, como Sua Esposa. Este tema ocupa um dos capítulos mais belos do livro de Monsenhor Léonard.
Eis um trecho dele: "Esta aliança [entre Cristo e a Igreja] é ao mesmo tempoespiritual e carnal. A primeira destas características é bastante evidente: Cristo ama-nos com toda a sua inteligência, com toda a sua vontade e com todo o seu coração, ou seja, de maneira autenticamente espiritual. Mas é mais importante sublinhar que Ele nos ama de uma maneira que, sem forçar o sentido das palavras, podemos chamar de 'carnal'. Com efeito, para salvar-nos integralmente, para salvar o Corpo de sua Igreja, consentiu que o seu corpo fosse despedaçado por você, por mim, por Ela. Não será este um amor autenticamente carnal?"
Ainda no livro, Monsenhor Léonard trata de vários temas relacionados à afeitividade humana. Trata da masturbação, da homossexualidade, das relações extraconjugais, das relações sexuais antes do casamento, da pornografia, da inseminação artificial, do divórcio, da contracepção e do aborto.
A contribuição mais interessante de Monsenhor Léonard é sobre a castidade. Ao contrário do que se diz comumente, a castidade cristã não significa domínio de si, mas significa reconhecer que "nós não nos pertencemos", pois, tendo sido criados por Deus, pertencemos a Ele. Monsenhor Léonard vai além, se desejamos viver a castidade, devemos querê-lo por amor a outro. Isso significa que nós, cristãos, não devemos buscar a castidade por uma questão de auto-domínio - o que nos levaria ao perigo da vaidade, de nos acharmos melhores que os outros -, mas devemos buscar a castidade pelo amor que sentimos acima de tudo por Deus e, subordinado a isso, e caso for, pelo amor que sentirmos por alguém que desejarmos como nosso conjuge.
A castidade é uma oferta de amor.
Ao final do livro, fica a sensação de que Deus nos ama imensamente e a certeza de que Deus tudo faz para o nosso bem.
Pensando nos momentos de dificuldade, próximo a encerrar o livro, Monsenhor Léonard cita a passagem de Rom 8, 31-39, que diz:
"Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas? [...] Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? [...] Porque estou convencido que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor".
Livro: LÉONARD, André-Joseph. Cristo e o nosso corpo.São Paulo: Quadrante, 1994.
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