sábado, 30 de agosto de 2014

Secularização

Secularização hoje é um estilo de vida sem Deus que impõe modelos e critérios consumistas, cujos resultados são: a droga, o fracasso familiar, a erotização da vida, a prática generalizada da corrupção, a banalização da vida do feto e do idoso. A fome não foi exorcizada e aparecem novas pobrezas. Vivemos numa situação de “iniqüidade social”. O apóstolo Paulo escreve que se vivemos sem Deus, vivemos sem esperança. Estamos no “século do medo”, reféns da depressão e do vazio existencial. Uma vida sem amor e sem sentido, é uma prisão. Esta realidade faz explodir a industria do divertimento, do armamento, dos desejos insaciáveis, das necessidades desnecessárias, da lógica da força.
Atualmente nos deparamos com certas mudanças que nos surpreendem e que chegam a nos questionar sobre até onde é capaz de ir o homem com a sua mentalidade secularizada.
Mas, o que é realmente secularização? Segundo o Dicionário de Conceitos Fundamentais de Teologia, secularização “designa o processo, iniciado na Idade Média e que continuou a manifestar-se nos tempos modernos, de afastamento, separação e emancipação, praticamente de todos os campos do universo da vida humana, do contexto de sentido fornecido pela fé cristã” (DCFT, 81).
Em outras palavras, o homem usa de seus conhecimentos técnicos, dons concedidos gratuitamente por Deus, de uma forma errada, ou que o fascinam por suas próprias conquistas, esquecendo-se de que é uma criatura. Assim, torna-se atual a velha tentação de “querer ser como Deus” (Gn 3,5). Usando de uma liberdade sem parâmetros, o homem vai eliminando as raízes religiosas que estão no fundo do seu ser. Ele vai esquecendo-se de Deus.
 Não só o indivíduo, mas a família, a comunidade, a sociedade entram nesse sistema, e por isso o Santo Padre grita pela nova evangelização, por um retorno a Deus, porque uma vez secularizado, o homem tornou-se só, vazio, amargo, triste e perdido.
“Apesar de tudo, portanto, a humanidade pode e deve ter esperança: o Evangelho vivo e pessoal, Jesus Cristo em pessoa, é a “notícia” nova e portadora de alegria que a Igreja cada dia anuncia e testemunha a todos os homens” (CL 19,7). Não podemos desanimar uma vez que temos Jesus Cristo como centro de nossas vidas.
Papa Bento XVI chama hoje de "desertificação" espiritual, ou seja, ausência do primado do 
Absoluto.
O tema “nova evangelização” teve seu auge no Pontificado de João Paulo II, 
especialmente na última década do segundo milênio. Quando parecia que ele tinha 
desaparecido ou simplesmente passado para a normalidade do vocabulário pastoral, eis que, 
surpreendentemente, Bento XVI o recoloca no centro do seu magistério. Cria um Conselho 
Papal para sua promoção, convoca um Sínodo Extraordinário dos Bispos e proclama o Ano da 
Fé para dar impulso à nova evangelização. 
Receber a Boa Nova do Evangelho é um direito de cada pessoa e anunciá-lo de modo 
que todos possam recebê-lo é missão intrínseca da Igreja, pois “todos têm necessidade do 
Evangelho; o Evangelho destina-se a todos e não apenas a um círculo determinado, e, portanto 
somos obrigados a procurar novos caminhos para levar o Evangelho a todos” (Ratzinger 
Intervenção no Congresso dos Catequistas e Professores de religião, 10.12.2000)
Embora não fosse ainda usado o termo "nova evangelização", vê-se claramente a 
preocupação da Igreja sobre a necessidade de uma nova evangelização dos batizados que 
abandonaram a fé. 
O termo entrou nos ensinamentos da Igreja através da encíclica Redemptoris missio do 
Papa João Paulo II. Mas João Paulo II expressou, pela primeira vez, o termo “nova 
evangelização” durante a primeira visita à sua Pátria, a Polônia, em 1979, na cidade de Nowa 
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Iniciou uma nova evangelização, quase como se se tratasse de um segundo anúncio, embora 
na realidade seja sempre o mesmo. 
Desde aquele momento, nas suas homilias e pronunciamentos encontra-se o tema da 
“nova evangelização”, sobretudo nas viagens apostólicas ao continente latino-americano, 
depois na Europa. Também durante a 3ª peregrinação para sua Pátria, o Papa João Paulo II 
recordou que a Polônia, assim como toda a Europa Cristã, precisa de uma “nova evangelização” 

Na Redemptoris missio o Papa João Paulo II define e a nova evangelização como o 
anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo entre aqueles batizados, que perderam “o sentido vivo da 
fé ou, simplesmente não se consideram mais como membros da Igreja, levando uma vida 
afastada de Cristo e seu Evangelho"
A nova evangelização, no magistério do Papa João Paulo II caracterizou-se como nova 
nos métodos, nova nas expressões. Dizia que para as pessoas que estão fora da Igreja, tem que 
procurar métodos específicos, a fim de poder devolvê-los para Cristo. 
A Nova Evangelização no Magistério de Bento XVI
Se para João Paulo II, a nova evangelização destinava-se particularmente aos países 
descristianizados da antiga evangelização, para o Papa Bento XVI, ainda que tenha 
humildemente continuado o programa de seu antecessor, a nova evangelização diz respeito a toda a vida da Igreja. 
Bento XVI, mostra ainda que a nova evangelização diz respeito a toda vida da Igreja 
porque a globalização provocou um grande deslocamento de populações e houve uma 
globalização de mentalidade em que “os processos da secularização e de uma difundida 
mentalidade niilista, em que tudo é relativo, marcaram profundamente a mentalidade comum” 
bem como a globalização dos destinatários, pois em todos os continentes se encontram 
pessoas a quem se impõe a necessidade do primeiro anúncio, como também os 
“descristianizados” que necessitam de um novo encontro com Jesus Cristo e a redescoberta da 
alegria de crer. É por esta razão que insiste também que os novos métodos e novas linguagens 
devem ser apropriados às diversas culturas do mundo.
A nova evangelização faz-se necessária também para os fiéis que frequentam 
regularmente a comunidade porque estes cristãos não estão imunes dos movimentos históricos do secularismo e relativismo e entre eles não poucos também vivem a fé de modo passivo e 
privado, rejeitam o esforço da educação para a fé, há dicotomia entre vida e fé.
Com efeito, no nosso tempo é necessária uma renovada educação para a fé, que inclua sem 
dúvida um conhecimento das suas verdades e dos acontecimentos da salvação, mas, 
sobretudo que nasça de um encontro verdadeiro com Deus em Jesus Cristo, do amá-lo, do ter 
confiança nele, de modo que a vida inteira seja envolvida por Ele 
houve uma 
globalização de mentalidade em que “os processos da secularização e de uma difundida 
mentalidade niilista, em que tudo é relativo, marcaram profundamente a mentalidade comum” 
bem como a globalização dos destinatários, pois em todos os continentes se encontram 
pessoas a quem se impõe a necessidade do primeiro anúncio, como também os 
“descristianizados” que necessitam de um novo encontro com Jesus Cristo e a redescoberta da 
alegria de crer. É por esta razão que insiste também que os novos métodos e novas linguagens 
devem ser apropriados às diversas culturas do mundo.
O saber da ciência, embora seja importante para a vida do homem, sozinho não é 
suficiente. Os homens cansaram-se do racionalismo puro, da visão puramente horizontal, 
material da vida humana. A dimensão religiosa que o homem tentou sufocar com os êxitos da 
técnica, do mundo da planificação, do cálculo exato e da experimentação, veio à tona, 
reclamando espiritualidade.
Contudo, o atual despertar para o sentido do sagrado desembocou num pluralismo religioso. 
Construiu-se o “supermercado” da religião moldando a mentalidade de que cada um pode 
escolher o que mais satisfaz, momentaneamente, sua necessidade religiosa, sem preocupar-se 
com a verdade.
Precisa-se de pessoas de fé que com as “próprias vidas” indiquem o caminho. Pois 
“evangelizar não é simplesmente uma forma de falar, mas uma forma de viver: viver em escuta 
e fazer-se voz do Pai. ‘Não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido’, diz o Senhor 
acerca do Espírito Santo
Deus não é algo óbvio na vida de uma pessoa ou comunidade simplesmente porque está 
enquadrada numa estrura eclesiástica ou religiosa. Aos fariseus e saduceus que pensavam que 
fugiriam da ira de Deus só porque eram da descendência de Abraão, Joa Batista diz: “Produzi 
frutos dignos de arrependimento e não penseis que basta dizer: ‘temos por pai a Abraão’. Pois 
eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos de Abraão” (Lc 3, 9-10). Há 
pessoas que não são do clero, não professaram votos religiosos, não estão em estruturas religiosas ou eclesiásticas, no entanto, vivem as vinte e quatro horas do dia na dimensão da fé. 
Neste contexto, se pode aplicar à vida consagrada e ao clero, aquilo que Bento XVI disse a 
respeito da sensação que o Papa tem diante do bilhão e 200 mil pertencentes à Igreja católica. 
Dize ele, “existem muitos que, de fato, na realidade de seu íntimo, não fazem parte dela”. Na 
mesma ocasião, recordou também que “Santo Agostinho já no seu tempo, dizia: muitos que parecem estar dentro, estão fora; e muitos que parecem estar fora, estão dentro” (Luz do 
Mundo, pg 22).
O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e 
para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de 
encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar (n. 27).
Desejar Deus é dimensão não só constitutiva, mas central do ser humano. A inscrição de 
Deus está no coração, isto é, no centro do ser humano, na sua essência, na sua intimidade. 
Entre o ser humano e Deus há um imã, uma atração, que acompanha o homem para sempre, 
eternamente. Até mesmo quando, em sua liberdade, cria um abismo intransponível entre ele e 
Deus, (cf. Lc 16,19-31), experimenta a terrível realidade de seu anelo “que se transforma numa 
sede ardente e já irremediável” (SS, 44). Pois Deus não cessa de atraí-Lo e o homem não cessa 
de desejá-Lo. A grande verdade é que:
Quem não conhece Deus, mesmo podendo ter muitas esperanças, no fundo está sem 
esperança, sem a grande esperança que sustenta toda a vida (cf. Ef 2,12). A verdadeira e 
grande esperança do homem, que resiste apesar de todas as desilusões, só pode ser Deus – o 
Deus que nos amou, e ama ainda agora « até ao fim », « até à plena consumação » (
 a “Nova Evangelização”, é uma só: Caritas.
Caritas é a fonte, o princípio, o método, o conteúdo e a finalidade da “Nova 
Evangelização”. Caritas é o estilo de vida de quem anuncia o Evangelho e projeto de vida para 
quem o acolhe. Caritas é a interpelação vital da “Nova Evangelização” para a vida Consagrada. 
Caritas é o fim último da “Nova Evangelização”. Caritas é Deus porque Deus Caritas est (cf. 1 Jo 
4, 8.16). Em suma, a caridade é tudo:
A caridade é amor recebido A caridade é amor recebido e dado; é « graça » (cháris). A sua nascente é o amor fontal do Pai 
pelo Filho no Espírito Santo. É amor que, pelo Filho, desce sobre nós. É amor criador, pelo 
qual existimos; amor redentor, pelo qual somos recriados. 
Para Bento XVI, a “Nova Evangelização” é o reconhecimento de que todos têm 
necessidade do Evangelho. Todos têm o direito de receber o Evangelho. O Evangelho destina-se 
a todos e não apenas a um círculo determinado. Portanto, somos obrigados a procurar novos 
caminhos para levar o Evangelho a todos. A “Nova Evangelização” é o serviço da caridade que deseja unicamente servir ao bem das pessoas e da humanidade, dando espaço Àquele que é a 
Vida, o Deus Caritas.
Possibilitar ao mundo e a cada pessoa o acesso a Deus e devolver a Deus o lugar que lhe 
cabe na vida do mundo e de cada pessoa, é o que indicam todas as setas dos ensinamentos de 
Bento XVI sobre a “Nova Evangelização
Tudo muda se Deus está ou não 
presente. “Sem Deus, o homem não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender 
quem seja” (CV,78). 
Para Bento XVI, a característica de autenticidade da caridade é a verdade. A verdade é 
para ele um tema muito caro. “Colaboradores da verdade” é o lema de seu episcopado e a 
síntese de sua missão, do seu jeito de ser e de viver. Caridade e verdade são tema da Encíclica 
sobre a doutrina social da Igreja, Caritas in Veritate. Mas ele não concebe a verdade como algo 
que podemos possuir, mas como Alguém que é e nos possui: Jesus Cristo.
 O papel do agente de evangelização é despertar 
tal desejo e fazer lhe companhia, mostrando, com seu jeito de viver e também explicitando com 
a Palavra, o caminho para o encontro com Deus.
O Cristianismo é sempre novo e atual. Mas sua “atualização” não significa reduzir a fé, 
submetendo-a à moda dos tempos, ao que é mais agradável, àquilo que satisfaz a opinião 
pública. Ao contrário, significa elevar o “hoje” do nosso tempo ao “hoje” de Deus. Somos nós que temos que nos adequar à altura do Evangelho e não o Evangelho que tem que se abaixar à 
nossa mediocridade.
O homem é o caminho da Igreja: assim o beato João Paulo II escrevia na sua primeira Encíclica,Redemptores hominis (cfr n. 14). Esta verdade permanece válida também e sobretudo no nosso tempo em que a Igreja, de modo sempre mais globalizado e virtual, em uma sociedade sempre mais secularizada e privada de pontos de referência estáveis, é chamada a redescobrir a própria missão, concentrando-se no essencial e buscando novos caminhos para a evangelização.(papa Francisco)
A Igreja, à qual Cristo confiou a sua Palavra e os seus Sacramentos, protege a maior esperança, a mais autêntica possibilidade de realização para o homem, em qualquer latitude e em qualquer tempo. Que grande responsabilidade temos! Não seguremos para nós este tesouro precioso do qual todos, conscientemente ou não, estão à procura. Vamos com coragem ao encontro dos homens e mulheres do nosso tempo, das crianças e dos idosos, dos ‘cultos’ e das pessoas sem instrução, dos jovens e das famílias. Vamos ao encontro de todos, sem esperar que sejam os outros a nos procurar! Imitemos nisso o nosso divino Mestre, que deixou o seu céu para fazer-se homem e estar próximo a cada um. Não somente nas igrejas e nas paróquias, mas em cada ambiente levemos o perfume do amor de Cristo (cfr 2 Cor 2, 15). Nas escolas, nas universidades, nos locais de trabalho, nos hospitais, nos presídios; mas também nas ruas, nas estradas, nos centros esportivos e nos locais onde as pessoas se encontram. Não sejamos mesquinhos em doar aquilo que nós mesmos recebemos sem mérito algum! Não devemos ter medo de anunciar Cristo nas ocasiões oportunas bem como naquelas inoportunas (cfr 2 Tm 4, 2), com respeito e com franqueza.

É esta a tarefa da Igreja, é esta a tarefa de cada cristão: servir o homem indo buscá-lo nos labirintos sociais e espirituais mais escondidos. A condição de credibilidade da Igreja nesta sua missão de mãe e mestre é, no entanto, a sua fidelidade a Cristo. A abertura para o mundo é acompanhada, e em um certo sentido se torna possível, a partir da obediência à verdade da qual a própria Igreja não pode se desfazer. “Emergência homem”, então, significa a emergência de voltar a Cristo, de aprender Dele a verdade sobre nós mesmos e sobre o mundo, e com Ele e Nele ir ao encontro dos homens, sobretudo dos mais pobres, pelos quais Jesus sempre manifestou predileção. E a pobreza não é só material. Existe uma pobreza espiritual que agarra o homem contemporâneo. Somos pobres de amor, sedentos de verdade e justiça, mendicantes de Deus, como sabiamente o servo de Deus Dom Luigi Giussani sempre destacou. A maior pobreza, de fato, é a falta de Cristo, e até não levarmos Jesus aos homens, teremos feito semp

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