A doutrina da verdade
Toda a perfeição, nesta vida, é misturada de imperfeição; como todas as luzes são mescladas de sombras.
O humilde conhecimento de você mesmo é um caminho mais certo para ir a Deus que o esquadrinhar à profundidade da ciência.
Não se deve condenar a ciência, nem qualquer conhecimento, porque, considerados em si, são bons e ordenados por Deus; mas sempre lhes há de antepor a boa consciência e a vida virtuosa.
Muitos, porém, estudam mais para saber bem viver, por isso erram a cada passo, ou nenhum fruto colhem de seus estudos.
Oh! Se eles pusessem tanto cuidado em arrancar os vícios e plantar as virtudes como põem em mover questões, não se veriam tantos males e escândalos no povo, nem haveria tanto desregramento nos mosteiros.
Certamente, no dia do juízo, não será perguntado a nós o que lemos, mas o que fizemos; nem quanto bem temos falado, mas quanto honestamente temos vivido.
Diga-se, onde estão agora aqueles senhores e mestres que conheceu quando viviam e floresciam nos estudos?
Outros ocupam seus lugares e talvez não haja quem se lembre deles. Em suas vidas pareciam alguma coisa; e hoje já ninguém fala deles.
Oh! Como passa depressa a glória do mundo! Quisera Deus que suas vidas estivessem de acordo com sua ciência! Então teriam lido e estudado bem.
Quantos se perdem neste mundo por sua vã ciência, pouco se importando com o serviço de Deus?
E por quererem ser grandes em vez de humildes, fazem-se vãos em seus pensamentos.
Verdadeiramente grande é aquele que tem um grande amor.
Verdadeiramente grande é o que a seus olhos é pequeno e avalia em nada a maior honra.
Verdadeiramente prudente é aquele “que tem por imundície todas as coisas terrenas para ganhar a Jesus Cristo” (Fl 3,8).
Verdadeiramente sábio é aquele que faz a vontade de Deus e renuncia à sua própria.
Do Livro “Imitação de Cristo”
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