Se é verdade que a sexualidade feminina e a masculina buscam completar-se, é preciso ter presente o valor da pessoa na sua integridade. A sexualidade é apenas uma propriedade do ser, embora informe e caracterize substancialmente o modo masculino e feminino de ser. Em outras palavras, homem e mulher imprimem a sua sexualidade a tudo o que fazem, e o amor propriamente dito dirige-se à pessoa integral. Assim como é uma pessoa na sua totalidade quem se entrega ao amor. No dizer de Viktor Frankl: "o amor é aquela relação entre dois seres humanos, que os põe em condições de descobrir o outro em todo o seu caráter de algo único e irrepetível." Ou, no dizer poético de Mário Quintana: "Amar é mudar a alma de casa."
Namora-se para conhecer e dar-se a conhecer, para ter um tempo de reflexão, alimentar as expectativas mútuas... E crescer em ternura... Não resisto a copiar umas palavras: "A ternura é muito necessária no matrimônio, nessa vida comum, em que não só o "corpo" necessita do "corpo", mas sobretudo o ser humano necessita do outro ser humano. A ternura estreitamente unida ao genuíno amor da pessoa, desinteressado, será capaz de conduzir o amor através dos diversos perigos do egoísmo dos sentidos e da atitude de prazer. A ternura é a arte de sentir o homem todo, toda a sua pessoa, todas as vibrações da sua alma, até as mais profundas, pensando sempre no seu verdadeiro bem [...]. Tanto na mulher como no homem, a ternura cria a convicção de que não estão sozinhos e de que a própria vida é compartilhada pelo outro. Tal convicção ajuda enormemente e reforça a consciência da união." (Karol Wojtyla - que viria a ser João Paulo II - Amor e responsabilidade).
Eis que o "eu " capta um "tu". Criam-se vínculos. Constrói-se o "nós". O amor, alicerçado na ternura, supera os obstáculos... O utilitarismo apenas troca por outro o objeto que já não lhe serve. Porque nada sobra do caráter unitivo do ato conjugal nas vivências amorosas efêmeras...
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." Este pensamento de Saint-Exupèry em seu O Pequeno Príncipe fez as doçuras de muitas gerações. Indicava aos apaixonados um ideal elevado e os jovens entusiasmavam-se com a magnitude de um amor tão exigente. Não há de ser menor, hoje, a aspiração daqueles que, jovens ou menos jovens, procuram cativar-se para desfrutar das alegrias de doar-se numa sólida e fecunda união.
Sueli Caramello Uliano , mãe de familia, pedagoga, Mestra em Letras pela Universidade de São Paulo, Presidente do Conselho da ONG Família Viva, Colunista do Portal da Família e consultora para assuntos de adolescência e educação.
É autora do livro Por um Novo Feminismo pela QUADRANTE, Sociedade de Publicações Culturais.
e-mail: scaramellu@terra.com.br
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segunda-feira, 9 de junho de 2014
Construir o "Nós" Sueli Caramello Uliano
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