Queridas famílias cristãs, anunciai com alegria ao mundo inteiro o tesouro maravilhoso de que sois portadoras enquanto igrejas domésticas! Esposos cristãos, na vossa comunhão de vida e amor, na vossa mútua entrega e no acolhimento generoso dos filhos, sede em Cristo luz do mundo! O Senhor pede-vos para serdes cada dia uma lâmpada que não fica escondida, mas é colocada «em cima do velador e assim alumia a todos os que estão em casa» (Mt 5, 15).
Acolhei plenamente e sem reservas o amor que, no sacramento do matrimónio, Deus Se antecipa a dar-vos, tornando-vos assim capazes de amar (cf. 1 Jo 4, 19). Permanecei sempre ancorados nesta certeza, a única que pode dar sentido, força e alegria à vossa vida: o amor de Cristo jamais se afastará de vós, não vacilará a sua aliança de paz convosco (cf. Is 54, 10). Os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis (cf. Rm 11, 29). Ele gravou o vosso nome nas palmas das suas mãos (cf. Is 49, 16)
A graça, que recebestes no matrimónio e que perdura no tempo, provém do coração trespassado do Redentor, que Se imolou no altar da Cruz pela Igreja, sua esposa, afrontando a morte para a salvação de todos.
A graça do amor que se oferece, do amor que se dá e perdoa; do amor altruísta, que se esquece da dor própria; do amor fiel até à morte; do amor fecundo de vida. É a graça do amor benevolente, que tudo crê, tudo suporta, tudo espera, tudo desculpa, do amor que não tem fim e sem o qual tudo o mais nada é (cf.1 Cor 13, 7-8).
Com certeza que isto não é sempre fácil, e na vida diária não faltam as ciladas, as tensões, o sofrimento e mesmo o cansaço. Mas, no vosso caminho, não estais sozinhos. Convosco vive e actua Jesus, como esteve em Caná da Galileia, numa hora de aflição para aqueles esposos recém-casados. De facto, o Concílio lembra também que o Salvador vem ao encontro dos esposos cristãos e permanece com eles para que, assim como Ele amou a Igreja e Se entregou por ela, de igual modo os esposos, dando-se um ao outro, se amem com perpétua fidelidade (cf. Gaudium et spes, 48).
Esposos cristãos, sede «boa nova para o terceiro milénio», testemunhando com convicção e coerência a verdade acerca da família
A família fundada sobre o matrimónio é património da humanidade, constitui um bem grande e sumamente precioso, necessário para a vida, o desenvolvimento e o futuro dos povos. Segundo o plano da criação estabelecido desde o princípio (cf. Mt 19, 4.8), aquela é o âmbito onde a pessoa humana, feita à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26), é concebida, nasce, cresce e se desenvolve. A família, enquanto formadora por excelência de pessoas (cf. Familiaris consortio, 19-27), é indispensável para uma verdadeira «ecologia humana» ( Centesimus annus, 39).
Recomendo-vos, queridas famílias cristãs, que testemunheis com a vida de cada dia que, mesmo entre muitas dificuldades e obstáculos, é possível viver em plenitude o matrimônio como experiência repleta de sentido e como «boa nova» para os homens e mulheres do nosso tempo. Sede protagonistas na Igreja e no mundo: isto é uma exigência que brota do próprio matrimônio que celebrastes, do vosso ser igreja doméstica, da missão conjugal que vos caracteriza como células primordiais da sociedade (cf. Apostolicam actuositatem, 11).
Finalmente, para serdes «boa nova para o terceiro milénio», queridos esposos cristãos, não esqueçais que a oração em família é garantia de unidade num estilo de vida coerente com a vontade de Deus.
Ao proclamar o Ano do Rosário, recomendei esta devoção mariana como oração da família e pela família: de facto, ao recitar o Rosário, «põe-se Jesus no centro, partilham-se com Ele alegrias e sofrimentos, colocam-se nas suas mãos necessidades e projectos, e d'Ele se recebe a esperança e a força para o caminho» ( Rosarium Virginis Mariæ, 41).
Vos confio a Maria, Rainha da Família, para que acompanhe e sustente a vossa vida.
Fazei do Evangelho a regra fundamental da vossa família, e da vossa família uma página do Evangelho escrita para o nosso tempo!
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