Tema 12: Catequese e família
1. A catequese pergunta: E a família como vai?
“À medida que a família cristã acolhe o Evangelho e amadurece na fé,
torna-se comunidade evangelizadora.” (João Paulo II)
Chamada a ser o Santuário da Vida e o lugar privilegiado para experimentar o amor, a
família hoje vive as ameaças da sociedade influenciada pelo consumismo, relativismo, ateísmo,
individualismo, utilitarismo, subjetivismo e hedonismo (culto ao prazer).
O mundo hoje é plural, mas também fragmentado. As ciências e as tecnologias se
desenvolveram tanto que acabam passam por cima dos princípios da ética e da religião. E quem
acaba sofrendo os impactos da sociedade pós-moderna é a família, por vezes mergulhada num
horizonte cheio de dramas. As pressões do mundo globalizado são tantas que às vezes a família fica
num beco sem saída.
Quais as dificuldades que passam as nossas famílias? O que influencia as famílias hoje?
Olhando para a realidade atual, verificamos diversas realidades. Entre elas, vale mencionar:
• Falta de uma espiritualidade conjugal mais profunda de diálogo e de comunhão.
• Ausência dos pais na educação de seus filhos.
• Meios de comunicação assumindo a rédea da educação dos filhos.
• Influência da “ditadura do relativismo” gerando uma ética da situação.
• O culto ao corpo e a busca do prazer pelo prazer, banalizando a sacralidade do ato
conjugal.
• Valores familiares como o amor, fidelidade e respeito sendo relativizados.
• Aumento de relacionamentos instáveis. Nas primeiras dificuldades, casais optam por
trocar os parceiros.
• Número crescente de divórcios.
• Direito à liberdade colocado acima do direito inviolável à vida, incentivando assim a
prática do aborto.
• Instauração de uma mentalidade contraceptiva.
Uma historinha nos ajuda a refletir:
Uma catequista pediu aos catequizandos que elaborassem um texto sobre o que gostariam
que Deus fizesse por eles. Quando terminou o encontro de catequese, ela chegou em casa e
começou a ler as mensagens. Uma mensagem a deixou profundamente emocionada e intrigada. Seu
esposo ao chegar, viu-a a chorar e perguntou: O que é que aconteceu? Ela respondeu: Leia você
mesmo. O texto era uma oração e dizia assim: "Senhor, eesta noite peço-te algo especial:
transforma-me numa televisão. Quero ocupar o lugar dela. Viver como vive a TV da minha casa.
Ter um lugar especial para mim, e reunir a minha família à volta... Ser levado a sério quando
falo... Quero ser o centro das atenções e ser escutado sem interrupções nem perguntas. Quero
receber o mesmo cuidado especial que a TV recebe quando não funciona. E ter a companhia do
meu pai quando ele chega a casa, mesmo quando está cansado. E que a minha mãe me procure
quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de me ignorar... E ainda, que os meus irmãos fiquem
discutindo para estar comigo... Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado, de vez em
quando, para passar alguns momentos comigo. E, por fim, faz com que eu possa diverti-los a todos.
Senhor, não te peço muito... Só quero viver o que vive qualquer televisão".
Naquele momento, o marido de Ana Maria disse: Meu Deus, pobrezinho deste menino! Que
pais ele tem? E ela olhou-o e respondeu: Esta mensagem que o nosso filho escreveu.
2. Luzes e esperanças para a família do século XXI
Nem tudo são só espinhos e sombras. Temos presente em nossa realidade familiar luzes que
nos dão muitas esperanças:
9 Cresceu a consciência da liberdade pessoal e maior atenção à qualidade das relações
interpessoais no matrimônio.
9 A promoção da dignidade da mulher.
9 Maior atenção na educação dos filhos no exercício da paternidade e maternidade
responsável.
9 Maior união da família nas relações de ajuda, nos momentos de necessidade.
9 Descoberta da importância da família e sua missão na Igreja e na sociedade.
Tanto a família quanto a catequese tem uma missão em comum: educar para o Amor,
transmitindo valores humanos e cristãos. Diante das ameaças do mundo capitalista, é preciso não
perder a esperança e abrir-se ao diálogo, revendo nossos métodos para educar os filhos no lar.
O Papa Paulo VI, em seu documento Evangelização no mundo contemporâneo (n. 71)
oferece uma catequese ao tratar sobre a família como centro de irradiação do Evangelho. Vamos
refletir alguns aspectos importantes para a família na educação da fé:
No conjunto daquilo que é o apostolado evangelizador dos leigos, não se pode deixar de pôr
em realce a ação evangelizadora da família. Nos diversos momentos da história da Igreja,
ela mereceu bem a bela designação aprovada pelo II Concílio do Vaticano: ‘Igreja
doméstica’. Isso quer dizer que, em cada família cristã, deveriam encontrar-se os diversos
aspectos da Igreja inteira. Por outras palavras, a família, como a Igreja, tem por dever ser um
espaço onde o Evangelho é transmitido e donde o Evangelho irradia.
No seio de uma família que tem consciência desta missão, todos os membros da mesma
família evangelizam e são evangelizados. Os pais, não somente comunicam aos filhos o
Evangelho, mas podem receber deles o mesmo Evangelho profundamente vivido. E ‘uma
família assim torna-se evangelizadora de muitas outras famílias e do meio ambiente em que
ela se insere’.
A futura evangelização depende em grande parte da Igreja doméstica. Esta missão
apostólica da família tem as suas raízes no batismo e recebe da graça sacramental do
matrimônio uma nova força para transmitir a fé, para santificar e transformar a sociedade
atual segundo o desígnio de Deus.
A família cristã, sobretudo hoje, tem uma especial vocação para ser testemunha da aliança
pascal de Cristo, mediante a irradiação constante da alegria do amor e da certeza da
esperança, da qual deve tornar-se reflexo: ‘A família cristã proclama em alta voz as virtudes
presentes do Reino de Deus e a esperança na vida bem-aventurada.’
O mistério de evangelização dos pais cristãos é original e insubstituível: assume as
conotações típicas da vida familiar, entrelaçada como deveria ser com o amor, com a
simplicidade, com o sentido do concreto e com o testemunho do quotidiano.
A família deve formar os filhos para a vida, de modo que cada um realize plenamente o seu
dever segundo a vocação recebida de Deus. De fato, a família que está aberta aos valores do
transcendente, que serve os irmãos na alegria, que realiza com generosa fidelidade os seus
deveres e tem consciência da sua participação cotidiana no mistério da Cruz gloriosa deCristo, torna-se o primeiro e o melhor seminário da vocação à vida consagrada ao Reino de
Deus.
O Documento da Conferência de Santo Domingo (cf. n. 214) apresenta a identidade e a
missão da família através de quatro aspectos:
a) A missão da família é viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas
chamadas a testemunhar a unidade por toda a vida (valor unitivo).
b) Ser santuário da vida, serva da vida, conservando o direito à vida como a base de todos os
direitos humanos (valor procriativo). Nela deve-se transmitir e educar para os valores
autenticamente humanos e cristãos.
c) Ser ‘célula primeira e vital da sociedade’. Por natureza e vocação, a família deve ser
promotora do desenvolvimento, protagonista de uma nova cultura que valorize a família.
d) Ser ‘Igreja doméstica’ que acolhe, vive, celebra e anuncia a Palavra de Deus. Lugar
privilegiado para a “fazer catequese”, aprofundando e dando razões para a fé, na vivência do
discipulado de Jesus.
A Conferência de Santo Domingo propôs como uma das linhas pastorais para a família:
“Fortalecer a vida da Igreja e da sociedade a partir da família: enriquecê-la a partir da catequese
familiar, a oração no lar, a Eucaristia, a participação no Sacramento da Reconciliação, o
conhecimento da Palavra de Deus, para ser fermento na Igreja e na sociedade.” (Santo Domingo, n.
225).
A Família é o melhor espaço para formar e orientar os filhos rumo a uma vida
verdadeiramente humana, cristã e feliz.
Quanto maior for a nossa formação humana e cristã, melhores condições temos para
transmitir às nossas crianças e adolescentes o interesse pela descoberta das riquezas da fé. E o gosto
de, juntos saborearmos as maravilhas do amor de Deus para connosco, e de Lhe correspondermos
com o nosso amor filial.
A família encontra hoje não poucos obstáculos, sobretudo neste “momento histórico em que
ela é vítima de muitas forças que buscam destruí-la ou deformá-la” (Santo Domingo, n. 210). Deste
modo, a catequese precisa conhecer algumas pistas de ação para ajudar a família a encontrar a sua
missão:
a) Conhecer as diversas situações e a realidade de cada catequizando.
b) Conscientizar as famílias para participação mais ativa na Igreja, como incentivo e
testemunho para os seus filhos que estão caminhando na catequese.
c) Por meio de ações conjuntas com a Pastoral Familiar, oferecer esclarecimentos e
possibilidades de regularização às famílias em situações irregulares (especialmente aos
amasiados que não têm impedimentos para casar na Igreja).
d) Não discriminar as famílias e crianças e não abandoná-las por motivo algum. Acolher a
todos, sem distinção, independentemente de suas opções.
e) Oferecer às famílias em dificuldades apoio e orientação, no diálogo.
f) Aos casais separados, prestar apoio e acolhida, com especial atenção aos seus filhos.
g) Distinguir entre o mal e a pessoa. No dizer do papa Paulo VI: “Jesus foi intransigente para
com o mal, porém misericordioso para com as pessoas”.
h) Distinguir com perspicácia as famílias que procuram a Igreja não muito bem intencionada,
querendo dar um jeitinho para receber os sacramentos sem a devida preparação.
i) As situações delicadas que aparecem na catequese, levar ao conhecimento do padre para
descobrirem juntos as possíveis soluções. Depois de averiguar os casos, dar os
encaminhamentos necessários, baseando sempre na verdade e na caridade
A família continua sendo muito importante para os planos de Deus. Ela é uma instituição
divina, sonhada por Deus e fruto da sua benigna vontade. Ela não pode ficar desacreditada. Ela é
dom de Deus, por isso merece todo o nosso empenho e todo o nosso amor. Se a catequese não zela
pela família, como vai cuidar pastoralmente dos seus catequizandos? E se as famílias não se
interessam pela catequese, que futuro poderão dar a seus filhos no caminho da justiça e da fé?
O papa João Paulo II, na encíclica Familiaris Consortio, dirige algumas palavras
significativas que servem de horizonte para a missão da catequese: “Amar a família significa saber
estimar os seus valores e possibilidades, promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir
os perigos e males que a ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em
criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento, e por fim, forma eminente de amor à família
cristã, de hoje, muitas vezes tomada por desconfortos e angustiada por crescentes dificuldades, é
dar-lhe novamente razões de confiança em si mesma, nas riquezas próprias que lhe advém da
natureza e da graça na missão que Deus lhe confiou”.
3. A família é o berço da fé: Dois fatos que nos fazem pensar
Há um provérbio chinês que dizia: “Quem embala um berço, está embalando o futuro do
mundo”. Quem cultiva a educação cristã de uma criança, desde o seu berço, desde sua infância, está
promovendo a formação dos homens e mulheres que irão renovar o mundo.
Havia uma família de cristãos que vivia na Polônia e procurava educar seus dois filhos na fé.
Numa situação, a mãe morreu prematuramente e o pai ficou com a responsabilidade de criar e
educar na fé os filhos, sobretudo o mais novo, após a morte do filho mais velho.
O berço da educação religiosa para o filho foi decisivo, pois mais tarde este menino se
tornou papa da Igreja, João Paulo II. Graças às orientações que embalaram o berço da sua fé, ele
pode mais tarde embalar o mundo inteiro com palavras de paz.
Na Albânia, dominada por um consumismo cruel, um lar corajoso conservou a fé e embalou
de modo cristão o berço da pequenina Agnes. Sua educação religiosa foi tão bela, que esta menina,
agora já adulta, foi para um grande país, a Índia e revelou pelo exemplo e testemunho, a beleza da
fé cristã e do seguimento de Jesus, como caminho verdade e vida.
Seu trabalho foi respeitado no mundo inteiro e o seu nome ficou gravado como o grande
nome da solidariedade cristã, Madre Tereza de Calcutá. Ela catequizou o mundo inteiro para a
prática da caridade e para a promoção da paz no mundo.
A família perde em qualidade quando não conta com a valiosa ajuda da catequese na
educação da fé de crianças, jovens e adultos. E a catequese não pode realizar um trabalho fecundo
se não contar com o apoio e a atenção da família. Hoje, verifica-se na realidade pastoral da Igreja
que é praticamente impossível imaginar uma catequese com jovens, adolescentes e crianças sem um
trabalho específico com os pais. Para ampliar a presença da catequese nas famílias, é preciso, então,
envolver a família através de reuniões, celebrações e confraternizações, visitas às famílias,
encontros nas casas dos catequizandos e outras iniciativas que possam colaborar no cultivo de
valores e da responsabilidade da família na iniciação cristã de seus filhos.
Como salienta o Catecismo da Igreja Católica ( cf. CIC 2221 ): “É urgentíssimo ajudar a
família a a recuperar a beleza original da sua vocação matrimonial, querida por Deus. Pois, o papel
dos pais na educação é tão importante que é quase impossível substituí-los. O direito e o dever da
educação são primordiais e inalienáveis para os pais”.
A fé não começa na catequese, mas na família:
Certa vez uma senhora foi reclamar ao padre sobre o catequista de seu filho, alegando que
não havia ensinado ao seu filho a rezar o pai-nosso na catequese. O padre retrucou-lhe dizendo
que isto não era obrigação do catequista, mas da família. E acrescentou: “Minha filha, não é só
educação que vem do berço. A fé também!”.
Muitos acham que a catequese é só para os sacramentos. Esta visão é muito reducionista.
Também não se pode divorciar a catequese dos sacramentos. A catequese está profundamente
ligada à ação litúrgica e sacramental da Igreja. Contudo, a celebração dos sacramentos sem uma
preparação séria (Catequese), não tem sentido algum. Sem a catequese os sacramentos se reduzem a
um mero ritualismo, o qual não será capaz de nos transformar, dar vida e felicidade e fazer de nós
autênticos cristãos.
Vejamos o que sugere o quadro abaixo em relação às dimensões da vida cristã:
Família:
• A catequese acompanha a nossa vida em todos os seus estágios.
• Os pais são os primeiros catequistas.
• Importância da família na catequese:
a) Família – Santuário da Vida.
b) Família – Berço da Fé.
c) Família – Igreja Doméstica.
d) Família – Célula da Sociedade.
• É importante para a família:
1) O testemunho dos pais (participação na comunidade de fé).
2) A vida de oração na família.
3) Compreender as fases e o processo de desenvolvimento da fé.
4) O diálogo e transparência. 5) A liberdade e responsabilidade.
6) Exercitar a paciência.
7) Buscar parcerias (Igreja – comunidade – sociedade).
1. A catequese pergunta: E a família como vai?
“À medida que a família cristã acolhe o Evangelho e amadurece na fé,
torna-se comunidade evangelizadora.” (João Paulo II)
Chamada a ser o Santuário da Vida e o lugar privilegiado para experimentar o amor, a
família hoje vive as ameaças da sociedade influenciada pelo consumismo, relativismo, ateísmo,
individualismo, utilitarismo, subjetivismo e hedonismo (culto ao prazer).
O mundo hoje é plural, mas também fragmentado. As ciências e as tecnologias se
desenvolveram tanto que acabam passam por cima dos princípios da ética e da religião. E quem
acaba sofrendo os impactos da sociedade pós-moderna é a família, por vezes mergulhada num
horizonte cheio de dramas. As pressões do mundo globalizado são tantas que às vezes a família fica
num beco sem saída.
Quais as dificuldades que passam as nossas famílias? O que influencia as famílias hoje?
Olhando para a realidade atual, verificamos diversas realidades. Entre elas, vale mencionar:
• Falta de uma espiritualidade conjugal mais profunda de diálogo e de comunhão.
• Ausência dos pais na educação de seus filhos.
• Meios de comunicação assumindo a rédea da educação dos filhos.
• Influência da “ditadura do relativismo” gerando uma ética da situação.
• O culto ao corpo e a busca do prazer pelo prazer, banalizando a sacralidade do ato
conjugal.
• Valores familiares como o amor, fidelidade e respeito sendo relativizados.
• Aumento de relacionamentos instáveis. Nas primeiras dificuldades, casais optam por
trocar os parceiros.
• Número crescente de divórcios.
• Direito à liberdade colocado acima do direito inviolável à vida, incentivando assim a
prática do aborto.
• Instauração de uma mentalidade contraceptiva.
Uma historinha nos ajuda a refletir:
Uma catequista pediu aos catequizandos que elaborassem um texto sobre o que gostariam
que Deus fizesse por eles. Quando terminou o encontro de catequese, ela chegou em casa e
começou a ler as mensagens. Uma mensagem a deixou profundamente emocionada e intrigada. Seu
esposo ao chegar, viu-a a chorar e perguntou: O que é que aconteceu? Ela respondeu: Leia você
mesmo. O texto era uma oração e dizia assim: "Senhor, eesta noite peço-te algo especial:
transforma-me numa televisão. Quero ocupar o lugar dela. Viver como vive a TV da minha casa.
Ter um lugar especial para mim, e reunir a minha família à volta... Ser levado a sério quando
falo... Quero ser o centro das atenções e ser escutado sem interrupções nem perguntas. Quero
receber o mesmo cuidado especial que a TV recebe quando não funciona. E ter a companhia do
meu pai quando ele chega a casa, mesmo quando está cansado. E que a minha mãe me procure
quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de me ignorar... E ainda, que os meus irmãos fiquem
discutindo para estar comigo... Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado, de vez em
quando, para passar alguns momentos comigo. E, por fim, faz com que eu possa diverti-los a todos.
Senhor, não te peço muito... Só quero viver o que vive qualquer televisão".
Naquele momento, o marido de Ana Maria disse: Meu Deus, pobrezinho deste menino! Que
pais ele tem? E ela olhou-o e respondeu: Esta mensagem que o nosso filho escreveu.
2. Luzes e esperanças para a família do século XXI
Nem tudo são só espinhos e sombras. Temos presente em nossa realidade familiar luzes que
nos dão muitas esperanças:
9 Cresceu a consciência da liberdade pessoal e maior atenção à qualidade das relações
interpessoais no matrimônio.
9 A promoção da dignidade da mulher.
9 Maior atenção na educação dos filhos no exercício da paternidade e maternidade
responsável.
9 Maior união da família nas relações de ajuda, nos momentos de necessidade.
9 Descoberta da importância da família e sua missão na Igreja e na sociedade.
Tanto a família quanto a catequese tem uma missão em comum: educar para o Amor,
transmitindo valores humanos e cristãos. Diante das ameaças do mundo capitalista, é preciso não
perder a esperança e abrir-se ao diálogo, revendo nossos métodos para educar os filhos no lar.
O Papa Paulo VI, em seu documento Evangelização no mundo contemporâneo (n. 71)
oferece uma catequese ao tratar sobre a família como centro de irradiação do Evangelho. Vamos
refletir alguns aspectos importantes para a família na educação da fé:
No conjunto daquilo que é o apostolado evangelizador dos leigos, não se pode deixar de pôr
em realce a ação evangelizadora da família. Nos diversos momentos da história da Igreja,
ela mereceu bem a bela designação aprovada pelo II Concílio do Vaticano: ‘Igreja
doméstica’. Isso quer dizer que, em cada família cristã, deveriam encontrar-se os diversos
aspectos da Igreja inteira. Por outras palavras, a família, como a Igreja, tem por dever ser um
espaço onde o Evangelho é transmitido e donde o Evangelho irradia.
No seio de uma família que tem consciência desta missão, todos os membros da mesma
família evangelizam e são evangelizados. Os pais, não somente comunicam aos filhos o
Evangelho, mas podem receber deles o mesmo Evangelho profundamente vivido. E ‘uma
família assim torna-se evangelizadora de muitas outras famílias e do meio ambiente em que
ela se insere’.
A futura evangelização depende em grande parte da Igreja doméstica. Esta missão
apostólica da família tem as suas raízes no batismo e recebe da graça sacramental do
matrimônio uma nova força para transmitir a fé, para santificar e transformar a sociedade
atual segundo o desígnio de Deus.
A família cristã, sobretudo hoje, tem uma especial vocação para ser testemunha da aliança
pascal de Cristo, mediante a irradiação constante da alegria do amor e da certeza da
esperança, da qual deve tornar-se reflexo: ‘A família cristã proclama em alta voz as virtudes
presentes do Reino de Deus e a esperança na vida bem-aventurada.’
O mistério de evangelização dos pais cristãos é original e insubstituível: assume as
conotações típicas da vida familiar, entrelaçada como deveria ser com o amor, com a
simplicidade, com o sentido do concreto e com o testemunho do quotidiano.
A família deve formar os filhos para a vida, de modo que cada um realize plenamente o seu
dever segundo a vocação recebida de Deus. De fato, a família que está aberta aos valores do
transcendente, que serve os irmãos na alegria, que realiza com generosa fidelidade os seus
deveres e tem consciência da sua participação cotidiana no mistério da Cruz gloriosa deCristo, torna-se o primeiro e o melhor seminário da vocação à vida consagrada ao Reino de
Deus.
O Documento da Conferência de Santo Domingo (cf. n. 214) apresenta a identidade e a
missão da família através de quatro aspectos:
a) A missão da família é viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas
chamadas a testemunhar a unidade por toda a vida (valor unitivo).
b) Ser santuário da vida, serva da vida, conservando o direito à vida como a base de todos os
direitos humanos (valor procriativo). Nela deve-se transmitir e educar para os valores
autenticamente humanos e cristãos.
c) Ser ‘célula primeira e vital da sociedade’. Por natureza e vocação, a família deve ser
promotora do desenvolvimento, protagonista de uma nova cultura que valorize a família.
d) Ser ‘Igreja doméstica’ que acolhe, vive, celebra e anuncia a Palavra de Deus. Lugar
privilegiado para a “fazer catequese”, aprofundando e dando razões para a fé, na vivência do
discipulado de Jesus.
A Conferência de Santo Domingo propôs como uma das linhas pastorais para a família:
“Fortalecer a vida da Igreja e da sociedade a partir da família: enriquecê-la a partir da catequese
familiar, a oração no lar, a Eucaristia, a participação no Sacramento da Reconciliação, o
conhecimento da Palavra de Deus, para ser fermento na Igreja e na sociedade.” (Santo Domingo, n.
225).
A Família é o melhor espaço para formar e orientar os filhos rumo a uma vida
verdadeiramente humana, cristã e feliz.
Quanto maior for a nossa formação humana e cristã, melhores condições temos para
transmitir às nossas crianças e adolescentes o interesse pela descoberta das riquezas da fé. E o gosto
de, juntos saborearmos as maravilhas do amor de Deus para connosco, e de Lhe correspondermos
com o nosso amor filial.
A família encontra hoje não poucos obstáculos, sobretudo neste “momento histórico em que
ela é vítima de muitas forças que buscam destruí-la ou deformá-la” (Santo Domingo, n. 210). Deste
modo, a catequese precisa conhecer algumas pistas de ação para ajudar a família a encontrar a sua
missão:
a) Conhecer as diversas situações e a realidade de cada catequizando.
b) Conscientizar as famílias para participação mais ativa na Igreja, como incentivo e
testemunho para os seus filhos que estão caminhando na catequese.
c) Por meio de ações conjuntas com a Pastoral Familiar, oferecer esclarecimentos e
possibilidades de regularização às famílias em situações irregulares (especialmente aos
amasiados que não têm impedimentos para casar na Igreja).
d) Não discriminar as famílias e crianças e não abandoná-las por motivo algum. Acolher a
todos, sem distinção, independentemente de suas opções.
e) Oferecer às famílias em dificuldades apoio e orientação, no diálogo.
f) Aos casais separados, prestar apoio e acolhida, com especial atenção aos seus filhos.
g) Distinguir entre o mal e a pessoa. No dizer do papa Paulo VI: “Jesus foi intransigente para
com o mal, porém misericordioso para com as pessoas”.
h) Distinguir com perspicácia as famílias que procuram a Igreja não muito bem intencionada,
querendo dar um jeitinho para receber os sacramentos sem a devida preparação.
i) As situações delicadas que aparecem na catequese, levar ao conhecimento do padre para
descobrirem juntos as possíveis soluções. Depois de averiguar os casos, dar os
encaminhamentos necessários, baseando sempre na verdade e na caridade
A família continua sendo muito importante para os planos de Deus. Ela é uma instituição
divina, sonhada por Deus e fruto da sua benigna vontade. Ela não pode ficar desacreditada. Ela é
dom de Deus, por isso merece todo o nosso empenho e todo o nosso amor. Se a catequese não zela
pela família, como vai cuidar pastoralmente dos seus catequizandos? E se as famílias não se
interessam pela catequese, que futuro poderão dar a seus filhos no caminho da justiça e da fé?
O papa João Paulo II, na encíclica Familiaris Consortio, dirige algumas palavras
significativas que servem de horizonte para a missão da catequese: “Amar a família significa saber
estimar os seus valores e possibilidades, promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir
os perigos e males que a ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em
criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento, e por fim, forma eminente de amor à família
cristã, de hoje, muitas vezes tomada por desconfortos e angustiada por crescentes dificuldades, é
dar-lhe novamente razões de confiança em si mesma, nas riquezas próprias que lhe advém da
natureza e da graça na missão que Deus lhe confiou”.
A parábola familiar do Bom Samaritano
Conta-se que uma família ia descendo de Jerusalém a Jericó, caminhando pelas estradas da
história. De repente, uma quadrilha de inimigos, chamada de “tempos modernos”, a atacou no
caminho e foi roubando todos os seus bens, a saber: a fé, a unidade, a fecundidade, a
indissolubilidade, o diálogo familiar e, por último, a santidade. Em seguida, fugiram travestidos
com novas roupas de modernidade.
Aconteceu que, pela estrada da história, passou um psicólogo, representante de uma das
escolas psicológicas, viu a família caída no chão e sentenciou? ‘Não disse? A família não quer
aceitar a teoria da liberdade sexual total e é uma grande desmancha-prazer dos filhos e castradora
dos seus desejos de felicidade. Então só poderia acabar assim, rejeitada. E seguiu adiante.
Em seguida, passou um sociólogo, que também representava certas teorias modernas, viu a
família prostrada e também a acusou: ‘Faz tempo que, atrás de minhas pesquisas, eu achava que a
família fosse uma instituição falida e que deveria acabar. Precisamos viver a era do amar livre’.
Dito isto, passou adiante.
Veio depois a Catequese, a Boa Samaritana, viu a família machucada, perdendo muito
sangue e recordando as atitudes de Jesus, teve pena e compaixão, inclinou-se sobre ela, tomou-a em
seus braços e levou-a para seu a hospedaria que se chama Comunidade Cristã, a fim de que fosse
tratada e recuperada.
(Extraída da Revista de Catequese, p. 48, n. 121, Janeiro/2008, com adaptações).
Há um provérbio chinês que dizia: “Quem embala um berço, está embalando o futuro do
mundo”. Quem cultiva a educação cristã de uma criança, desde o seu berço, desde sua infância, está
promovendo a formação dos homens e mulheres que irão renovar o mundo.
Havia uma família de cristãos que vivia na Polônia e procurava educar seus dois filhos na fé.
Numa situação, a mãe morreu prematuramente e o pai ficou com a responsabilidade de criar e
educar na fé os filhos, sobretudo o mais novo, após a morte do filho mais velho.
O berço da educação religiosa para o filho foi decisivo, pois mais tarde este menino se
tornou papa da Igreja, João Paulo II. Graças às orientações que embalaram o berço da sua fé, ele
pode mais tarde embalar o mundo inteiro com palavras de paz.
Na Albânia, dominada por um consumismo cruel, um lar corajoso conservou a fé e embalou
de modo cristão o berço da pequenina Agnes. Sua educação religiosa foi tão bela, que esta menina,
agora já adulta, foi para um grande país, a Índia e revelou pelo exemplo e testemunho, a beleza da
fé cristã e do seguimento de Jesus, como caminho verdade e vida.
Seu trabalho foi respeitado no mundo inteiro e o seu nome ficou gravado como o grande
nome da solidariedade cristã, Madre Tereza de Calcutá. Ela catequizou o mundo inteiro para a
prática da caridade e para a promoção da paz no mundo.
A família perde em qualidade quando não conta com a valiosa ajuda da catequese na
educação da fé de crianças, jovens e adultos. E a catequese não pode realizar um trabalho fecundo
se não contar com o apoio e a atenção da família. Hoje, verifica-se na realidade pastoral da Igreja
que é praticamente impossível imaginar uma catequese com jovens, adolescentes e crianças sem um
trabalho específico com os pais. Para ampliar a presença da catequese nas famílias, é preciso, então,
envolver a família através de reuniões, celebrações e confraternizações, visitas às famílias,
encontros nas casas dos catequizandos e outras iniciativas que possam colaborar no cultivo de
valores e da responsabilidade da família na iniciação cristã de seus filhos.
Como salienta o Catecismo da Igreja Católica ( cf. CIC 2221 ): “É urgentíssimo ajudar a
família a a recuperar a beleza original da sua vocação matrimonial, querida por Deus. Pois, o papel
dos pais na educação é tão importante que é quase impossível substituí-los. O direito e o dever da
educação são primordiais e inalienáveis para os pais”.
A fé não começa na catequese, mas na família:
Certa vez uma senhora foi reclamar ao padre sobre o catequista de seu filho, alegando que
não havia ensinado ao seu filho a rezar o pai-nosso na catequese. O padre retrucou-lhe dizendo
que isto não era obrigação do catequista, mas da família. E acrescentou: “Minha filha, não é só
educação que vem do berço. A fé também!”.
Muitos acham que a catequese é só para os sacramentos. Esta visão é muito reducionista.
Também não se pode divorciar a catequese dos sacramentos. A catequese está profundamente
ligada à ação litúrgica e sacramental da Igreja. Contudo, a celebração dos sacramentos sem uma
preparação séria (Catequese), não tem sentido algum. Sem a catequese os sacramentos se reduzem a
um mero ritualismo, o qual não será capaz de nos transformar, dar vida e felicidade e fazer de nós
autênticos cristãos.
Vejamos o que sugere o quadro abaixo em relação às dimensões da vida cristã:
Família:
• A catequese acompanha a nossa vida em todos os seus estágios.
• Os pais são os primeiros catequistas.
• Importância da família na catequese:
a) Família – Santuário da Vida.
b) Família – Berço da Fé.
c) Família – Igreja Doméstica.
d) Família – Célula da Sociedade.
• É importante para a família:
1) O testemunho dos pais (participação na comunidade de fé).
2) A vida de oração na família.
3) Compreender as fases e o processo de desenvolvimento da fé.
4) O diálogo e transparência. 5) A liberdade e responsabilidade.
6) Exercitar a paciência.
7) Buscar parcerias (Igreja – comunidade – sociedade).
Os Dez mandamentos da família para a Catequese:
1. Não fecheis o coração! Não vos bastais a vós próprios na educação da fé, mesmo que sejais
os primeiros catequistas dos vossos filhos. Os catequistas são vossos colaboradores na
educação da fé, mas não substitutos.
2. Amai a Catequese! A Catequese não é um "ensino" avulso e desorganizado. É processo de
educação da fé, feita de modo ordenado e sistemático. É itinerário para amadurecer na vida
cristã e caminho para o discipulado. Velai pela assiduidade dos vossos filhos e pelo seu
acompanhamento, num estreito diálogo com os catequistas e com a comunidade de fé.
3. Não exijais dos vossos filhos o que não sois capazes de fazer. Não exijais dos vossos
filhos, o que não sois capazes de dar. Exigir do outro o que não se tem pra oferecer é negar a
si mesmo enquanto sujeito de fé.
4. Não queira transformar a catequese em curso para que vossos filhos "saibam muitas
coisas"! Mas alegrai-vos sempre, ao verificardes que eles saboreiam a alegria de serem
cristãos, e vão descobrindo, com outros cristãos, a pessoa de Jesus, o Amigo por excelência,
que convida a seguir os seus passos no anúncio/testemunho da sua Palavra.
5. Demonstrem amor e cuidado pela família! A primeira forma de catequese acontece sem
palavras e sermões, no respeito à dignidade de cada membro da família. O amor exige
cuidado, como diz o poeta: “Quem ama cuida”.
6. Vivei a comunhão na família e na Igreja! Não sois uma ilha nem uma ostra. Sem diálogo
não há espaço para a fé se desenvolver. Sem a sociedade não podereis progredir e sem a
Igreja não podereis iluminar o mundo.
7. Sede discípulos e não expectadores! Não espereis que a Catequese faça de vós e vossos
filhos bons alunos ou expectadores. Ao contrário, procurai que ela vos ajude a formar
discípulos de Jesus, que O seguem, em comunidade.
8. Saiba testemunhar a fé na participação da comunidade e no sacramento da Eucaristia.
Procurai pensar e viver de acordo com os valores do Evangelho. Sabeis bem que o
testemunho é a primeira forma de evangelização. Deste modo, os filhos aceitarão melhor a
proposta dos vossos ideais e valores.
9. Procurem aprofundar a fé e ter um gosto pelo conhecimentos das coisas de Deus!
Como diz o célebre ditado bíblico: “Um cego não pode guiar outro cego”. Quem não é
esclarecido na fé não pode orientar os outros a viver o compromisso cristão. Nem tem o
direito de manipular a fé segundo a sua ignorância. Também não cedais à tentação de achar
que se pode "mandar" os filhos à Catequese, para vos verdes livres deles ou para fugirdes
das vossas responsabilidades.
10. Orai e celebrai a vida em família! Rezar e celebrar com toda a família, de modo a que a
vossa fé seja vivida em comum na pequena Igreja que é a família, se exprima na grande
família que é a Igreja e transforme a diversificada família humana que integra a sociedade.
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